terça-feira, 25 de novembro de 2014

A Menina Que Roubava Livros (2013)

A pequena Liesel pegando um dos poucos livros que restaram da pilha incendiada pelo exército nazista

Assim como 'O diário de Anne Frank', este sim é um ótimo filme com história paralela à Segunda Guerra Mundial e que faz menção à importância da leitura e da escrita para o crescimento humano.

O que a verídica Anne Frank tem em comum com a fictícia Liesel (Sophie Nélisse)? Tudo. Para começar o contexto histórico. Ambas viviam em lugares tomados pelo regime nazista, em meio à "grande guerra". Já deu para entender um pouco o título do filme, não é mesmo?

Analfabeta, a jovem Liesel aprendeu a escrever com o pai adotivo (Geoffrey Rush). Criou seu próprio dicionário, registrado nas paredes da singela casa.

Por que a menina roubava livros? Porque tinha sede de conhecimento. Tinha sede e os nazistas fecharam (queimaram) a "torneira". Então, ela foi junto à fonte ver se encontrava alguma "gota de saber" para enriquecer seu vocabulário, seu aprendizado.

Assim como tudo o que era proibido, a garotinha lia escondida. Foi vista em flagrante na biblioteca do prefeito da cidade. Liesel ia à casa apenas para entregar as roupas lavadas que sua mãe havia lavado, porém a primeira-dama admirou o gosto por leitura da pequena e lhe permitiu voltar outras vezes.

O que é pior? Roubar livros ou sonhos?

Em "A menina que roubava livros", o exército nazista queima uma grande pilha de livros, trazidos pelos habitantes da cidade. Se pensarmos bem, décadas se passaram e os governantes continuam queimando possibilidades - e a fumaça que sobe não deixa o povo enxergar um futuro mais digno. Os sonhos ainda são roubados e muitas vezes trocados por ilusão monetária que não traz nenhum desenvolvimento humano.

Que haja mais crianças e jovens como a menina que roubava livros, mas que construía o mundo que desejava dentro de si.

Lucy (2014)

Scarlett Johansson, em "Lucy".

Mais um filme (agora com mais ação) de Scarlett Johansson. Mais expectativas e mais frustrações também.

Se no bizarro "Under the skin", a loira era toda misteriosa e escolhia suas vítimas, em "Lucy", ela é uma estudante que, por engano(?), acaba se envolvendo com a máfia do tráfico de drogas, em Taiwan. Até aí, tudo bem (rsrs).

Refém dos traficantes, Lucy é forçada a levar uma substância recém criada, em seu estômago. São pequenas pedrinhas azuis, partículas que, ao entrar na corrente sanguínea, ativam regiões do cérebro não utilizadas pelo ser humano.

Depois de ser operada para colocação da droga em sua barriga e jogada num tipo de cela, um dos carcereiros tenta abusar dela (que está algemada à parede). Com a resistência da moça, antes de sair, o capanga chuta-a justamente na barriga (nuss!). Na hora, você pensa "Caraca, moleque! Agora, o côro come!". De começo, até come (rs). Ela consegue fugir de onde estava, em Taiwan.

Com a substância se dissolvendo aos poucos no organismo, os reflexos e a força mental de Lucy começam a aumentar. Ela, então, decide procurar um especialista na área (que no fim se faz totalmente desnecessário). Depois de vasculhar toda a grande rede, ela encontra o professor Samuel Norman (Morgan Freeman) e marca uma "reunião" com ele, para tentar entender o que está acontecendo e até onde pode ir sua capacidade mental, com a droga em seu corpo. Aliás, todos nós gostaríamos de saber.

O longa até tem uma mensagem, no mínimo, filosófica, já que aborda a capacidade mental do ser humano, o que poderíamos fazer se tivéssemos a "força máxima". Mas passam 30 minutos, 1 hora, 1 hora e meia e a única descoberta que fazemos é que o trailer deu uma de político em época de eleição: prometeu e não cumpriu. A ação e o "quebra-pau" que esperávamos ver, depois que ela obtivesse 100% da capacidade mental, não chegam nunca.

O lado bizarro fica por conta da promessa de Lucy ao professor Samuel. No final do filme, quando o doutor pede (ou pergunta) se ela poderia demonstrar o que aprendeu com a capacidade total de seus neurônios, ela o tranquiliza, dizendo que vai repassar todo o seu conhecimento em um computador. E como ela fez isso? Se prepare... mais um pouco... ok, estão prontos?

Ela se transforma em um PEN DRIVE (isso mesmo, garotinho). Sem mais.

domingo, 23 de novembro de 2014

Under The Skin (2014)

Scarlett Johansson, em "Under The Skin"

A beleza de Scarlett Johansson é algo que atrai olhares, chama a atenção de qualquer um. Mas não creio que seja tão bom conhecer o alienígena (Laura) que há "sob a pele" da loira, de olhos verdes, neste filme.

Vinda de não sei onde (não há qualquer informação sobre), Laura tem a missão de encontrar vítimas, homens, para um tipo de ritual assassino.

É assim:

- Ela sai pelas ruas das cidades, dirigindo um furgão (roubado, é claro), à procura de um homem (com cara de trouxa) e tenta lhe oferecer carona.
- Depois de minutos de conversa e um ar misterioso, convida a vítima para entrar em um local totalmente escuro.
- Com o rapaz, literalmente, comendo em sua mão, vai se despindo (revelando as curvas da bela atriz rs) e levando-o à um caminho sem volta.
- Trata-se de um grande buraco aquoso, onde são 'depositadas' as vítimas.
- Passados alguns minutos, o sujeito lá inserido é desintegrado, sobrando apenas a pele de seu corpo.

Isso tudo acontece em boa parte deste filme. Até Laura começar a gostar da ideia de "ser humana". Mas ao pedir ajuda à um homem, que conhece por acaso, a extraterrestre descobre que, apesar de aparentar ser uma mulher, havia 'limitações' em sua estrutura. Bom, o final não vale à pena contar.

O longa peca (e muito) pelo bizarro, limitando a atriz de "Os Vingadores" e "Lucy" à uma personagem quase sem falas e com ações previsíveis.

Isso assusta. Sabe por quê?

Simplesmente porque podem haver centenas de mulheres e homens na Terra que são como Laura: belos por dentro e totalmente vazios por dentro.

sábado, 22 de novembro de 2014

Boyhood - Da Infância à Juventude (2014)

As várias transformações do garoto Manson

Tudo na vida para ser diferente tem de ser único, simples assim! Ok, todos nós somos únicos, em alguma coisa. Porém, o que difere uma pessoa das outras são as experimentações pelas quais ela passou. E, falando em experimentações, o diretor norte-americano Richard Linklater fez algo inédito na história do cinema: contou a história, da infância até a juventude, como diz o título do filme, de um garoto (Manson).

"haha e isso é inédito?" Sim, é. Não por contar a história de um menino, mas por utilizar o mesmo ator (Ellar Coltrane) do início ao fim. Em Boyhood, são contados 12 anos da vida de Manson, praticamente o mesmo tempo para o longa ser finalizado. Algo interessante é que os pais e a irmã do personagem principal também são interpretados pelos mesmos atores (Patricia ArquetteEthan Hawke e  Lorelei Linklater, respectivamente), nas quase três horas de duração.

"Poxa, 3 horas? Deve ser cansativo" É, a vida cansa a gente, não é mesmo? O que se deve levar em conta é que Ellar não tinha experiência nenhuma na "telona" quando as filmagens iniciaram, mas já, nos primeiros diálogos, vemos sua personalidade sendo impressa no papel do pequeno Manson.

Quanto à atuação dos outros atores principais:
Patrícia Arquette - Consegue levar bem o papel de mãe solteira de duas crianças. Nada muito destacável, mas suficiente para a personagem.
Ethan Hawke - Como pai de Manson, pouco lhe é exigido (já que o personagem não faz muita coisa da vida mesmo rs)
Lorelei Linklater - Demonstra boa sintonia com Ellar. Até nos faz comprar que eles são realmente irmãos. Boa aposta do papai diretor.

Por fim, creio que o que  Linklater fez em "Boyhood" foi algo como "As histórias longas são sempre contadas com um ator substituindo o outro, conforme o personagem vai envelhecendo. Por que não contar uma história com o mesmo ator?", ou seja, ator e personagem quase se confundem. O maior desafio provavelmente seja que, assim como Manson, Ellar também passou por transformações (principalmente na adolescência) e isso poderia interferir no desenrolar das gravações. Para nossa sorte, isso não aconteceu.